Numa iniciativa inédita, a Junta de Freguesia da Estrela decidiu abrir as portas do Complexo Desportivo da Lapa para acolher indivíduos em situação sem-abrigo durante a vaga de frio que se manifestou na passada semana.
Foi ativado um Plano de Emergência para reforçar o Plano de Contingência da Câmara Municipal de Lisboa, sendo esta uma ação conjunta da Junta da Estrela com a Associação ATOS DE MUDANÇA, Associação de Desenvolvimento e Intervenção Social e a Refood da Estrela. Claro que sem o envolvimento da Comunidade Local e o inestimável apoio da 30ª Esquadra PSP esta ação não teria sido tão bem sucedida.
Estando atentos às necessidades daqueles que mais precisam, decidimos que, para além do apoio psicossocial, da higiene e da alimentação, estaria também disponível apoio veterinário para os animais de companhia das pessoas e também colchões para poderem pernoitar.
Acabámos então por acolher 24 pessoas em situação de sem-abrigo, excedendo assim o número de camas que tínhamos inicialmente disponibilizado.
O Complexo Desportivo foi devidamente adaptado e criou-se um espaço confortável, quente e seguro para todos.
Para além da pernoita no Complexo, a comunidade em situação de sem-abrigo pôde ser atendida por médicos e enfermeiros, usufruir de consultas de psicologia, e, de manhã, foi servido o pequeno-almoço e abertos os balneários para higiene pessoal de cada um.
É importante destacar que a ação dos nossos técnicos e das Associações parceiras pretendeu assegurar que estas pessoas também recebessem acompanhamento e apoio devidos após o período da vaga de frio, de maneira a que a saída da Rua seja uma realidade próxima, e também para, em situações semelhantes no futuro, saberem que podem contar novamente com o nosso apoio e atenção.
Luís Newton, Presidente de Junta da Estrela, destacou “como principais aspetos diferenciadores o facto de se assegurarem condições para pernoitar, apoio veterinário para os animais de companhia e apoio médico”, para além do já tradicional apoio psicossocial. Isto porque a resposta do DIASA (Dispositivo Integrado de Apoio aos Sem-Abrigo) atualmente existente não contempla a pernoita, nem o acompanhamento dos animais de companhia, fator que se tem comprovado como condicionante para aceitação de ajuda. Na maioria das vezes a população em situação de sem-abrigo não quer ser realojada por causa do seu amigo de quatro patas. Esta resposta não só permite a sua entrada, como também lhe presta cuidados veterinários.