A Junta de Freguesia da Estrela assinalou o dia Internacional da Mulher com uma homenagem à Fadista Maria da Fé.
Foram muitos os que fizeram questão de partilhar o tributo e acarinhar a grande fadista que celebrizou o fado “Cantarei até que a voz me doa”, letra do poeta José Luís Gordo.
Luís Newton, Presidente da Junta de Freguesia da Estrela, manifestou a sua homenagem a todas as Mulheres e a Maria da Fé, pela capacidade de ser mulher, mãe e profissional. “Queremos homenagear as mulheres de uma forma geral, mas aproveitamos sempre para homenagear nestes dias especiais as mulheres que, num período em que tradicionalmente não existia um reconhecimento mutuo por aquilo que era o espaço que cada de um de nós tem e deve ocupar na sociedade, não deixam no entanto de traçar um percurso pessoal, um percurso profissional e um percurso familiar, que marcou não só aquelas que eram as suas gerações, não só aquela que era a sua família, mas que, de alguma forma, dignificou também aquela que era a sua Comunidade e neste caso em particular da Maria da Fé muito dignificou o nosso País. E por isso é sem dúvida um privilégio tê-la connosco”.
A Fadista emocionou-se com o reconhecimento, com os artistas que cantaram ali os poemas da sua vida e com as muitas pessoas presentes que fizeram a sala parecer muito pequena. “Quero agradecer muito a estes senhores e senhoras maravilhosos que me fizeram o favor de dizer poesia, de cantar, que me fez ir à minha infância. É uma honra estar aqui, ouvi-los e amá-los. Obrigada!”
Visivelmente feliz, Maria da Fé cantou com os fadistas que pisaram o palco por si e presenteou todos com o “Fado Errado” recebendo uma ovação de carinho e saudade de a ouvir cantar.
“Como artista e mulher sinto-me felicíssima” disse a Fadista, que manteve sempre a humildade durante os mais de 50 anos de carreira: “O fado é do Povo, foi do povo que eu nasci, foi do povo que eu vim, é do povo que eu continuo a ser, porque nada na vida me fez subir à cabeça, porque eu continuo a ser a mesma Maria da Conceição e só depois é que sou a Maria da Fé. “
MARIA DA FÉ
Fadista de renome, Maria da Fé tem um percurso incontornável no Universo do Fado. Nascida no Porto, começa ainda em criança, e com o nome de batismo Maria da Conceição, a cantar o fado. Aos 18 anos desce à capital e, já Maria da Fé, a artista constrói uma carreira de sucesso e reconhecimento. Foi Rainha da Rádio Guiné em 1972 e a primeira Fadista a participar no Festival da Canção, foi homenageada pelo cantor brasileiro Caetano Veloso na sua canção “Língua” e foi distinguida com inúmeros prémios, como a Medalha de Mérito da Cruz Vermelha, a Medalha de Ouro da Cidade do Porto e da Cidade de Lisboa, a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique e o Prémio Amália para a melhor intérprete do Fado, entre outros. Levou o fado além-fronteiras em tournées de Norte a Sul do Brasil, Canadá, África, Austrália e Europa. Cantou em salas imponentes como o Palace de São Paulo, o Canecão no Rio de Janeiro ou o Olimpia em Paris. De coração aberto fala-nos da sua verdade, dos seus 55 anos de carreira, uma vida de fado.
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