Comemorado desde 1909, o Dia Internacional da Mulher foi proclamado oficialmente pelas Nações Unidas em 1975, e em 1979 foi aprovada a Convenção para a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres.
No dia 8 de março quisemos destacar a importância desta efeméride e decidimos homenagear duas maravilhosas mulheres da nossa Freguesia: Irmã Ana Rosa, do Instituto da Imaculada, e Helena Sacadura Cabral. Entre momentos de leitura de poesia, actuações musicais ou discursos cheios de alegria, foi uma tarde passada com muita animação.
Luís Newton, Presidente da Junta da Estrela, agradeceu a presença de todos no Salão Nobre da Academia Estrela e começámos por assistir a um vídeo surpresa para a Irmã Ana Rosa que, até ao momento, não sabia que iria ser uma das homenageadas do dia.
Depois da feliz surpresa, com depoimentos de muitas pessoas que lidam diariamente com a Irmã e com o Instituto da Imaculada – e estando sempre uma intérprete a acompanhar com linguagem gestual tudo o que era transmitido – houve muita felicidade ao receber o vídeo e muitos largos sorrisos. Entretanto, escutámos uma representante do Refood Estrela, que também contacta frequentemente com a Irmã Ana Rosa e uma Irmã companheira da Irmã Ana Rosa com discursos emotivos sobre as particularidades tão especiais da nossa homenageada, que serve, de tantas maneiras, a Comunidade.
Chegou então o momento de escutarmos, com muita atenção, as histórias da Irmã Ana Rosa na primeira pessoa, com a franqueza que lhe é natural. Contou-nos ter sentido o chamamento aos 18 anos e, contra a vontade da mãe, decidiu seguir um caminho de entrega à Fé e ao Amor. Optou ajudar jovens em situação surdo-mudo e lidar com crianças com várias deficiências por considerar que eram estas as pessoas mais necessitadas de cuidados e atenção. Entre Espanha, Porto, Lisboa, a Irmã Ana Rosa não parou de aprender e de especializar-se, para melhor acompanhar estes grupos ao longo de vários anos, e tendo sempre presente a missão de servir.
Alguns jovens do Instituto da Imaculada marcaram presença na cerimónia e prendaram-nos com uma belíssima música, entoando, bem afinados, o refrão “Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas / Nas mãos que sabem ser generosas”, e ainda “Amar como Jesus amou”.
No fim da actuação, foram entregues simbólicos presentes à Irmã Ana Rosa, como sinal de gratidão por todos os seus gestos e palavras de força, de compreensão, de ajuda, de Amor e fraternidade.
Luís Newton revelou ter visitado o Instituto da Imaculada Conceição, na Rua do Borja, ainda antes de ter sido eleito para o cargo que ocupa, e ter ficado muito surpreendido com a força e a resiliência da Irmã Ana Rosa, exemplo que deve ser tomado por todos, em qualquer circunstância. Através desse contacto com a Irmã Ana Rosa, que com pouco cria tanto, entendeu que, de facto, este é um sinal dos nossos tempos para jamais desistirmos de obter o máximo possível de nós, mesmo com os vários obstáculos que se atravessem no caminho. Foi realmente inspirador podermos escutar os testemunhos da Irmã Ana Rosa e de todos os que a acompanham de perto.
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A nossa segunda homenageada do dia foi Helena Sacadura Cabral, uma freguesa da Estrela que nos enche de muito orgulho e estima.
Depois de ser exibido um pequeno vídeo com alguns marcos da sua vida, e depois de o Presidente da Junta ter revelado como admirava a escritora e economista, uma mulher realmente à frente do seu tempo, que procurou sempre superar-se mais e mais, sem seguir o que os outros esperavam, foi altura de escutarmos, na sua voz, Helena Sacadura Cabral.
É importante ter em conta a geração e o contexto que acompanham o momento dos primeiros estudos de Helena, numa sociedade que visou, sempre, a prevalência do homem sobre a acção feminina. Helena conseguiu sempre, com o seu esforço e o seu trabalho, chegar ao sucesso. Ganhou uma bolsa de estudante para poder estudar Economia, marco que lhe deu um imenso espírito de responsabilidade e entrega, e vontade de devolver algo à sociedade, que é de todos e de todos depende. Contou-nos algumas histórias da sua família, tão pouco típica e cheia de detalhes interessantes, os seus laços, os seus filhos, as suas memórias felizes e infelizes, com todos os ingredientes que a fizeram ser, hoje, a fantástica mulher que é.
No seu discurso, terminou dedicando esta homenagem a todas as outras mulheres anónimas deste mundo, com outras vidas, outros problemas, outras dores. Mulheres que são desconhecidas e habitam o planeta e todos os dias têm provações e desafios e não têm ou não tiveram as mesmas oportunidades.
Tal como disse, há uns tempos, “o Dia da Mulher só deixará de ter importância quando for igualmente fácil ou difícil o acesso de ambos os géneros aos lugares para que se encontram devidamente preparados”.
Foi muito bom escutar Helena, uma comunicadora nata, com atenção. Trouxe-nos muitos tesouros e provou como merece esta e outras homenagens, sendo uma mulher cheia de cultura, conhecimento e muito para oferecer a quem a escutar.
Para encerrarmos esta cerimónia em grande, foram entregues troféus alusivos a este dia à Irmã Ana Rosa e a Helena Sacadura Cabral, bem como bouquets de flores.
Depois, decorreu uma pequena performance de fado a vozes masculina e feminina, alegrando toda a audiência e dando o tom para a tarde cheia de emoções e momentos felizes.
Um enorme viva a todas as mulheres!