A Basílica da Estrela foi o palco do 2º Concerto de Natal de 2016, no passado dia 17 de dezembro. A noite já instalada, a Basílica iluminada – as luzes de um amarelo enternecedor, as velas adornadas a vermelho -, a enchente de público na plateia, o Coro Christus Ensemble à frente do altar, com as suas vozes em harmonia absoluta: estes foram alguns dos elementos que permitiram a criação de uma atmosfera especial, num momento único de partilha musical.
O Coro Christus Ensemble, criado em 2010, e dirigido pelo Maestro João Carlos Teixeira desde a sua fundação, tem uma ligação preferencial por um repertório com vertente Sacra, Sacro-Litúrgica, Espirituais Negros e Gospel. Neste concerto, o tema de base foi o Natal, e as paredes da Basílica foram adornadas com padrões natalícios que resultaram da projeção das vozes do Coro, que cantou inúmeros temas tradicionais desta quadra festiva.
Mas o Natal não é somente o canto: esta é uma época de união familiar e comunitária, de reflexão sobre as questões do “nós” em que nos inserimos. Essas foram as questões destacadas nos discursos do Senhor Cónego António Marim, pároco da Basílica da Estrela e do Presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Luís Newton. O Senhor Cónego António Marim destacou, no seu discurso, o tema Dona Nobis Pacem (“Dai-nos a Paz”), que agradeceu que tenha sido cantado pelo Coro Christus Ensemble, nessa noite. A partir desse tema – desse mote de inspiração -, focou-se na situação problemática da Síria: “Ainda há instantes vi na televisão (…) a tragédia de Aleppo, essa cidade que tem sido martirizada de uma maneira tão infame, tão escandalosa. Senti, cá dentro, a força deste grito que temos de cantar. Cantar assim.”
Luís Newton, nesta ocasião especial, e igualmente inspirado pelos motes lançados pelas canções, lançou diversos apelos. “Aqui, um primeiro apelo, e um apelo à comunidade: olhar também para nós, olhar também para dentro, e estar disponível – em conjunto com a Igreja, com as várias associações e instituições de solidariedade social e também com a Junta de Freguesia – para podermos dar a mão nestes momentos particularmente difíceis”, tanto de elementos da comunidade, como de elementos exteriores a ela. “E é um privilégio a Freguesia da Estrela ter uma comunidade que está preparada para ajudar tanto os que estão a sofrer cá dentro como também aqueles que, lá fora, também vão sofrendo.”
Luís Newton mencionou o caso das 10 famílias desalojadas na Rua Possidónio da Silva, “famílias essas que a Junta de Freguesia tem procurado apoiar e, também, para as quais temos procurado aliviar um pouco o sofrimento da incerteza se um dia poderão alguma vez regressar às casas que já tinham tornado suas”, tal como “a oportunidade, com a associação Schoenstatt, de poder recolher e receber entre nós uma família da cidade de Aleppo”.
Nesse sentido, Luís Newton apelou a todos “que estejamos prontos para receber, para criar condições para os enquadrar. Vai ser um desafio tremendo. As primeiras semanas são semanas para estabilizar. Queremos que eles tenham a oportunidade de serenar um pouco da agitação que têm vivido neste percurso de fuga, mas gostava que, a partir de janeiro, pudéssemos ter todos a oportunidade de os apoiar. Por isso, a Junta de Freguesia irá lançar essa informação, irá criar as condições – em articulação com a associação Schoenstatt – para que possamos todos, de alguma forma, colaborar. E eu diria que é um momento que nos deve marcar, não só individualmente mas sobretudo enquanto comunidade.”
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