O Dia Internacional da Mulher é celebrado, todos os anos, na Junta de Freguesia da Estrela. Neste dia especial, uma freguesa da Estrela é homenageada pelo seu papel na comunidade e na sociedade. Nas palavras de Luís Newton, Presidente da Junta de Freguesia da Estrela, a escolha da freguesa baseia-se numa demonstração do valor “das mulheres que, no seu dia-a-dia, nas suas profissões, nas suas atividades desempenharam e marcaram aquele que é um papel muito importante – tanto do ponto de vista do indivíduo – e indivíduo não tem género -, como também do ponto de vista da sociedade.”
A homenageada deste ano? Maria Cavaco Silva: a pedagoga, a Mulher, a mãe, a avó. Na cerimónia, estiveram presentes inúmeros fregueses e inúmeras freguesas – com uma rosa nas mãos -, que celebraram este dia em comunidade. Um evento que teve a visita inesperada do anterior Presidente da República, Prof. Aníbal Cavaco Silva, que, em conjunto com a sua mulher, visitaram as instalações da Junta de Freguesia da Estrela. “Uma Junta de Freguesia extremamente completa”, a seus olhos.
Luís Newton marcou presença no evento, mas com uma intervenção mais curta do que o habitual. Fê-lo por dois motivos: “em primeiro lugar, porque é um dia em que eu presto homenagem e deixo o espaço para que este possa ser usufruído da forma como entendem; em segundo lugar, porque acredito que, neste dia, ninguém melhor para assumir a representação institucional da Junta de Freguesia da Estrela do que a Vice-Presidente Aura Gorito”. Para além de agradecer a presença de Aníbal Cavaco Silva e de Isabel Silveira Godinho – homenageada em 2015 -, Luís Newton expressou o seu enorme apreço pela possibilidade de homenagear Maria Cavaco Silva, que “criou um percurso e conquistou o respeito de todos nós com a sua personalidade, pelo seu trabalho, pela sua dedicação (à sua causa, à sua profissão, à sua família)”.
A Vice-Presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Aura Gorito, expôs algumas das razões que, ainda nos nossos dias, motivam a celebração deste dia: um motivo para reflectir sobre os números de desigualdade social, salarial, política, educativa, entre outros, que continuam a ser chocantes. Ainda que no caminho da igualdade, ainda que após inúmeros passos em frente, a luta pelos direitos das mulheres está longe de terminar. Mas sendo esta uma celebração de uma freguesa que marca os passos neste caminho de – e por – todas as mulheres, pelo seu papel de influência na sociedade, Aura Gorito salientou que Maria Cavaco Silva, na sua vertente pública, sempre se mostrou “interessada nas pessoas, nas causas sociais e no mundo que a rodeava”, “representando Portugal com muita dignidade, nas receções oficiais, tanto dentro como fora do país”. Relativamente ao lado mais desconhecido – “a mulher, a mãe, a educadora” – de Maria Cavaco Silva, Aura Gorito confessou que “a biografia oficial que todos receberam está, a meu ver, incompleta”. Para a Vice-Presidente da JFE, Maria Cavaco Silva “não foi professora. Professor é apenas uma profissão. Ela foi e é uma pedagoga. E ser pedagogo é um dom, e não uma profissão”. A seu ver, “ser pedagogo é ter coragem de enfrentar uma sociedade deturpada, equivocada; é saber conhecer o seu caminho; é saber atingir os seus objetivos; é saber lidar com o diferente, sem preconceito e sem distinção; é ser alguém que acredita na sociedade, no mundo e na vida.”, e Maria Cavaco Silva “é uma verdadeira pedagoga, que usou esse dom para brilhantemente lidar com todos os desafios que a vida lhe colocou.”
Um verso de Natércia Freire, citado por Maria Cavaco Silva, poderá ilustrar um pouco daquilo que é e foi e a vida da anterior primeira-dama: “Nada foi como queria / Foi tudo como sou”. Nesta cerimónia de homenagem, o público teve a oportunidade de descobrir um lado mais íntimo de Maria Cavaco Silva, que não falou “de coisas oficiais. Vou falar de coisas mais nossas, mais do nosso interior”. Um momento de partilha de histórias pessoais, de histórias felizes, de histórias da vida. Maria Cavaco Silva é a mulher que, perante a afirmação “Atrás de um grande homem, está sempre uma grande mulher”, responde “Atrás, não. Ao lado. E, se possível, de mão dada”. Esta é uma pequena – “há coisas pequeninas, que parece que não têm importância nenhuma, e que acabam por ser tão importantes no nosso trajeto!” – demonstração de como representa todas as mulheres e todos os Homens, até pelas suas palavras, todos os dias.
Um retrato esboçado na primeira pessoa de um caminho percorrido pela vida – uma vida “extraordinariamente improvável” -, onde aprendeu muito, “porque todos aprendemos quando queremos aprender”, e onde espera “que as pessoas também tenham aprendido um pouco comigo.” O resultado desse caminho, desse trajeto “de muitas coisas – boas e más – que acontecem na vida” é “esta mulher que está hoje aqui à vossa frente, no Dia da Mulher”: “o meu trajeto foi este e aqui estou, para o que der e vier”.
No final, uma rosa para uma rosa: um momento de ternura partilhado entre o casal Cavaco Silva. Com as emoções bem à flor da pele, foi possível assistir ainda a momentos de poesia – esse elemento tão querido da vida de Maria Cavaco Silva -, de fado, e partilhar histórias e sorrisos num beberete.
Uma homenagem de uma Mulher, uma celebração de – e para – as Mulheres. O exemplo de como – ainda que o caminho não tenha terminado – estamos a dar os passos certos, na direção certa para atingir aquilo que há muito é devido: a igualdade, o respeito, a justiça.
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