No âmbito do Fomecas, Programa de Refeições Escolares Saudáveis da Junta de Freguesia da Estrela, decorreu, no dia 29 de Março, uma conversa sobre os “Desafios Da Alimentação Em Idade Escolar”. A mesa de intervenientes contou com a presença de Luís Newton, Presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Ana Pinto de Moura, Professora Auxiliar e Coordenadora do Mestrado em Ciências do Consumo Alimentar da Universidade Aberta – entidade parceira do evento -, Rui Lima, Membro do Conselho Geral da Ordem dos Nutricionistas e Nina Vigon Manso, Responsável do Projeto de Refeições Escolares da JFE.

Anfitrião e responsável pela abertura do evento, Luís Newton referiu o papel crucial da Junta de Freguesia da Estrela no desenvolvimento progressivo e substancial dos refeitórios escolares a cargo da JFE. Os desafios contínuos têm marcado um ritmo que requer um empenho informado, especializado, que envolve um conjunto de interlocutores distintos, todos com um aporte diferenciado mas com uma única missão: o bem-estar das nossas crianças. O Fomecas está a crescer de uma forma forte, saudável, feliz, e quer contagiar esse espírito às outras crianças e às suas famílias. Apresenta desafios, que, por vezes, podem ser encarados como barreiras. Contudo, é através do debate, da troca de ideias, do levantamento de questões que surgem respostas, tal como novas questões e novos desafios.

Algumas destas barreiras são identificáveis por todos e é importante agir, como indicado por Ana Pinto Moura. Por um lado, existe a envolvente comercial, a publicidade com os produtos – associados a super-heróis, por exemplo -; por outro, temos o lado social, que implica, por exemplo, a escola e os colegas – pois, se forem poucos os alunos e alunas a frequentar o refeitório, a maioria não quererá ir, igualmente. Mas, se colegas, professores e colaboradores forem clientes satisfeitos do refeitório, mais facilmente os alunos querem comer na cantina. Afinal, é na escola que as crianças e adolescentes passam a maioria do tempo e ingerem grande parte das suas refeições. As políticas alimentares na escola têm de ser restritas e exemplares. Em casa, com a família, existem igualmente algumas barreiras: o descuido com o ambiente familiar, a não envolvência das crianças nas rotinas ligadas à alimentação, os adultos como modelos – de maus hábitos – comportamentais, entre outras. Ana Pinto Moura diz-nos que existe um viés otimístico, que existe a noção do conceito de alimentação saudável, mas que a sua prática é preterida em detrimento do sabor, ao mesmo tempo que permanece a crença de que se está sob menor risco de saúde do que as outras pessoas.

Rui Lima, da Ordem dos Nutricionistas, responsável pelas políticas alimentares, referiu que a educação alimentar e o combate à obesidade infantil devem ser iniciados no momento da tomada de decisão de engravidar e não durante a gravidez – como é feito atualmente. A sensibilização deve ser durante a fase de gestação e envolver as todos os indivíduos que irão educar a criança. Na sua intervenção, alertou-nos para o perigo do consumo de açúcar, e, em particular, através da ingestão de refrigerantes. De acordo com o COSI – Childhood Obesity –Portugal, 25% das crianças com menos de 1 ano de idade ingerem refrigerantes. É importante reverter esta situação e formar, desde cedo, os consumidores, sensibilizando-os para a importância da leitura dos rótulos dos alimentos e bebidas.

A obesidade é a 2ª causa de morte passível de prevenção. Ora, o principal papel das escolas e, em particular, do Fomecas é atuar no campo da prevenção. Os grandes desafios da alimentação em idade escolar são cuidar para prevenir quadros de doença ligados à alimentação, passíveis de reduzir a qualidade e esperança de vida das nossas crianças. Através da alimentação saudável, criamos crianças saudáveis, que crescem e se tornam adultos felizes. Comer é um ato de felicidade e partilha, que acontece todos os dias, a qualquer hora, em qualquer lugar e junto de quem mais amamos e queremos cuidar. Enfrentar os desafios e as barreiras da alimentação saudável é encarado enquanto uma prioridade da Junta de Freguesia da Estrela. O Fomecas é um passo – de extrema importância – para o alcance desse objetivo: eliminar as barreiras e os desafios perante algo que permitirá uma vida mais saudável para as futuras gerações.